É bom sermos diferentes.
"Toda a gente achava o Esquisito esquisito, porque era diferente, falava Diferente, e era Único. Toda a gente menos a Igualzinha, que gostava das cores do Esquisito."
O trabalho para casa era um texto narrativo sobre um país em que todos os habitantes eram exactamente iguais: o aspecto físico, a maneira de ser, os gostos e preferências, os hábitos e rotinas. O que aconteceria se alguém diferente lá chegasse?
Bia, papá e mamã acordaram na seguinte narrativa, cujo propósito foi um pouco mais além do que apenas puxar pela imaginação, estruturar um texto, aumentar o vocabulário, habituá-la a trocadilhos e treinar a pontuação e ortografia.
É bom sermos diferentes!
A Igualzinha era uma criança igualandesa. Ela nasceu onde todas as crianças igualandesas nascem, na Igualândia.
Tinha pele morena, cabelo e olhos castanhos, como todas as crianças igualandesas. E vestia-se apenas de branco, como elas. Sapatos ou botas brancas, calças brancas, camisola branca, e até cachecol branco, se estivesse mais frio.
A Igualzinha gostava de rir, assobiar e cantar, como todas as crianças igualandesas, mas só conhecia uma música, porque na Igualândia todos gostam da mesma música da banda Igual Rock.
Na escola aprendia matemática, estudo do meio e Igualandês, como todas as crianças igualandesas.
E era uma grande adepta do Igualândia Futebol Clube, o único clube que todos os igualandeses gostam, mas que quase sempre perde ou empata, porque os jogadores do Igualândia FC são Igualandeses, chutam sempre igual, para a direita, e os adversários sabem disso, defendem, e roubam-lhes a bola.
Um dia chegou à escola da Igualzinha o Esquisito, um novo aluno vindo de Único, um país distante. Os habitantes de Único são os únicos.
Em Único fala-se a língua Diferente, que é muito diferente de Igualandês, e por isso o Esquisito tinha muitas dificuldades em entender as aulas, e toda a gente tinha muitas dificuldades em entender o Esquisito. Quase só conseguiam comunicar por gestos.
O Esquisito era mesmo esquisito, principalmente porque se vestia com muitas cores diferentes, e não apenas de branco.
Toda a gente achava o Esquisito esquisito, porque era diferente, falava Diferente, e era Único. Toda a gente menos a Igualzinha, que gostava das cores do Esquisito.
E o Esquisito gostava da Igualzinha, porque era a única amiga que tinha na Igualândia.
Nesse ano o Igualândia FC participou num torneio de futebol e um dos meninos igualandeses magoou-se. Era preciso outro jogador e o Esquisito ergueu o dedo, bateu no peito, indicando que queria jogar. O treinador hesitou, mas teve que aceitar porque não havia outro jogador.
Durante o jogo um jogador igualandês passou-lhe a bola, o Esquisito olhou para a baliza e chutou... para a esquerda! O guarda-redes da outra equipa atirou-se para a direita, como estava habituado, e a bola entrou! 1 a 0 para o Igualândia FC!
A seguir outro jogador passou a bola ao Esquisito, e o guarda-redes pensou: ahhh, costumas chutar para a direita, mas chutaste para a esquerda para me enganar. Vou-me atirar para a esquerda!
Mas o esquisito chutou para a... direita, e fez golo novamente! 2 a 0 para o Igualândia FC!
E a Igualzinha disse aos amigos: é bom sermos diferentes!
E a partir desse dia todos queriam ser amigos do Esquisito!
Adorei esta história ❤️