Sérgio Sousa Pinto no Despolariza.
Culto. Articulado. Democrata. Liberal. Realista. Sensato. Não alinhado. Livre.
Sérgio Sousa Pinto no Despolariza.
Culto. Articulado. Democrata. Liberal. Realista. Sensato. Não alinhado. Livre.
[Sobre a gerigonça] “Politicamente também não acho que fosse uma ideia genial, uma coligação com a Esquerda, pela simples razão que nós estamos numa fase histórica em que não há muito a aproveitar dos pontos de vista dos partidos à esquerda do PS. São partidos que têm uma lógica exclusivamente redistributiva da riqueza, e não se preocupam nada com o problema da criação. Eu passo a vida a dizer isto aos meus camaradas, e amigos, e ao povo de Esquerda com quem eu falo:
Como é que vocês querem ter uma social democracia sueca num país que tem um produto que é um terço da Suécia? Não há milagres, não é possível!”
[Sobre uma economia de mercado] “E portanto, o que nós precisamos não é de perseguir, castigar, invectivar, regular, castrar o pouco mercado que nós temos. O que nós temos é que ser capazes de gerar, em vez de ser um capitalismo mendicante e deprimente, pendurado no Estado, nos favores e não sei quê, um capitalismo de 3º mundo, nós precisamos de ter uma economia de mercado vibrante, de economias que não dependem do Estado, que não precisam do Estado, que idealmente nem querem ouvir falar no Estado, e que geram riqueza, e que geram postos de trabalho, que geram bons salários, e podem pagar bons impostos, e que o Estado pode pegar nessa receita e derramar e criar condições de igualdade social. Isto é que é social democracia! Porque se não for isto, e para usar uma expressão de Mário Soares, estamos aqui a defender um socialismo de miséria. (…)
Goste-se ou não, a única forma de nós, os nossos filhos e os nossos descendentes viverem melhor é o país produzir mais riqueza. Não se conhece nenhuma forma de criação de riqueza alternativa a um mercado. Então que é que vamos fazer? Vamos destruir a economia portuguesa para oferecer, no âmbito do Estado Social, mais algumas liberalidades, e vamos sacrificar a economia portuguesa? Não, se calhar o que nós precisamos é de ter reguladores mais fortes, que impeçam os gigantes da distribuição de fazerem o que querem, de esmagarem os produtores, de esmagarem os agricultores, de esmagarem as cooperativas, de abusarem dos consumidores. Então e a banca? Acabar com os evidentes cartéis da banca, porque é que o banco público está sempre metido em todos os cartéis da banca? Para que é que serve um banco público? Se é para fazer isto mais vale entregá-lo ao privado.”
[Sobre o socialismo e a riqueza] “Eu não sei quanto é que tu ganhas, mas com o que tu ganhas, e com os impostos que tu pagas, em que dia é que tu podes criar o que quer que seja? (…) Uma economia tem que permitir às pessoas uma capacidade de aforro que lhes permita investimento de média e longa duração.
Nós não nascemos todos com o direito a enriquecer, mas nós nascemos com o direito a sonhar!”
[Sobre a liberdade de expressão] “Nós queremos liberdade de expressão. Mas nós também temos que impedir esse discurso falso, o discurso de ódio, o discurso que pode realmente perverter as nossas sociedades, se não for de um maluquinho que está lá em casa, às 5 da manhã, a dizer disparates, mas se for de alguém que é financiado por entidades economicamente poderosas, e que tem a capacidade de causar dano à nossa vida colectiva. (…)
Eu não quero que se proiba a estupidez. Eu quero que a estupidez continue aqui no meio de nós, os cretinos a escrever e a falar, e a atazanar com as suas ideias mal amanhadas. Quando temos cretinos entre nós a falar em liberdade, isso é uma das marcas de uma sociedade aberta. Livre.
(…) a violência, a vontade de perseguir uma pessoal individualmente considerada ou uma categoria de pessoas, isso não pode ser admitido, porque isso põe em causa os fundamentos em que assenta a nossa vida colectiva, e que todos nós aceitamos para sobrevivermos nela.
Porque é que um desavairado qualquer há-de ter o poder social de aceder à Internet - que agora está democratizada, qualquer burro consegue dizer meia dúzia de coisas ao microfone - porque lhe damos o poder de mobilizar outros meios burros a cometerem actos de violência, de agressão? Não podemos consentir isso, não é possível.
Agora, a minha esperança é que quem tiver o poder de traçar essa fronteira seja sempre gente sensata, e gente com amor à liberdade. (…) Quem tem o dever de policiar a admissibilidade desses comportamentos, desse tipo de discurso, têm que ser pessoas de grande amor à liberdade, grande cultura democrática e uma infinita tolerância para conviver com a estupidez.“
Nós não estamos aqui para higienizar a sociedade dos mentecaptos. Os mentecaptos têm direito a viver entre nós e a expelirem os seus dizeres. Mas nós temos que impedir que a sociedade se torne um sítio infrequentável por causa da violência que é engendrada através do discurso de ódio.”