UE aprova espionagem de mensagens durante os próximos 3 anos.
Quid custodiet ipsos custodes - Quem vigia os próprios vigilantes?
Da série "os liberais são particularmente sensíveis quando mexem nos seus direitos e liberdades". Um desses direitos fundamentais é o direito à privacidade.
O Aberto Até de Madrugada fez um resumo suficiente sobre a problemática da nova lei que autoriza as empresas tecnológicas a espiar todas as mensagens dos utilizadores para efeitos de detecção de conteúdos de abuso sexual de menores, escancarando a porta a abusos e cenários indesejados.
Como pai, não compreendo como espiar todos, com a desculpa de apanhar alguns, será eficaz a proteger a minha filha, ou qualquer criança. Reforçar a informação/educação (das crianças, dos pais, dos professores), monitorização/prevenção (pelos serviços sociais e policiais, e por iniciativas privadas que tão bons resultados têm dado), e a legislação (severa), isso, sim, seria um contributo positivo.
Como cidadão, daquilo que gosto de pensar ser um Estado de direito, (embora diariamente encontre novas razões para duvidar disso), equiparo a inspecção das comunicações privadas por um fornecedor não mandatado por um juiz, à possibilidade de um senhorio entrar à socapa na casa do inquilino, à procura de "provas" que este último é um pedófilo. Completamente inaceitável.
Como profissional, com conhecimentos e anos de experiência suficientes na área da segurança informática, é-me óbvia a inutilidade e possibilidade de abuso desta legislação. Mais, depois de todo o esforço efectuado pela União Europeia nos últimos anos em prole da privacidade, com o RGPD ("the toughest privacy and security law in the world", é absolutamente inacreditável este tiro no pé.
No raciocínio feliz do Miguel Madeira:
"Se queres que a direita aceite menos liberdades civis, diz que é para combater o terrorismo. Se queres que a esquerda aceite menos liberdades civis, diz que é para combater os crimes de ódio. Se queres que toda a gente aceite menos liberdades civis, diz que é pelas crianças."
Meu precioso Signal, que me garante texto, voz e vídeo cifrado ponto a ponto, com código-fonte aberto, auditado e recomendado por criptógrafos e especialistas em segurança informática, disponibilizado por uma organização sem interesse comercial em rastrear a minha actividade.
Meu querido Firefox, sem interesse comercial em rastrear a minha actividade na Web.
Meu estimado servidor de correio privado, que não analisa as mensagens que troco com o intuito de criar o meu perfil para qualquer empresa poder direccionar melhor a sua publicidade para mim.
Daqui o pensamento de hoje:
“Aqueles dispostos a abdicar de Liberdades essenciais em troca de Segurança temporária, não merecem nem Liberdade, nem Segurança.” - Benjamin Franklin
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