E agora, Europa?
Ainda estamos em Março, mas esta captura, da autoria do 1º ministro sueco Ulf Kristersson, pode tornar-se a foto do ano de 2025.
Ainda estamos em Março, mas esta captura, da autoria do 1º ministro sueco Ulf Kristersson, pode tornar-se a foto do ano de 2025.
A 24 de Fevereiro, ainda antes do vergonhoso espectáculo mediático na Sala Oval da Casa Branca, em que Donald Trump e J. D. Vance pressionaram Volodymyr Zelensky a assinar um acordo de exploração de minerais sem garantias de segurança por parte dos EUA, cerca de uma dúzia de líderes europeus, e o 1º ministro do Canadá, Justin Trudeau, reuniram com o presidente ucraniano, ao passarem 3 anos de guerra na Ucrânia.
Décadas a depender do petróleo e gás russos, fechando os olhos às chantagens e apetites revisionistas do urso.1
Décadas a deslocalizar a produção industrial para a China, ajudando ao crescimento da “fábrica do mundo”, que agora controla todo supply chain, e vende produtos melhores, e mais baratos, em território Europeu.2
Décadas de pax americana sem investir significativamente em Defesa, porque “somos membros da NATO, os EUA protegem-nos”. Até que um presidente americano sem escrúpulos barganha a protecção da Ucrânia em troca de minerais, e coloca a hipótese de abandonar a organização.3
E agora, Europa?
Inspiração não falta, basta seguir a direcção dos olhares na foto, e pensar no sofrimento que o seu povo atravessa.
Ao invadir a Ucrânia, talvez Putin tenha acelerado a adopção de energias e fornecedores alternativos na Europa, como nunca tinha sido feito até ao momento.
A Europa consegue competir à escala global. Um exemplo inspirador é o duopólio Airbus/Boeing, onde o fabricante pan-europeu compete taco a taco com o americano, sem os problemas de segurança deste último. Mas as medidas imediatas, consistindo apenas no proteccionismo das taxas de importação, não são animadoras.
O investimento europeu em Defesa vai aumentar consideravelmente, nos próximos anos. Talvez a Europa tenha finalmente aprendido que não pode depender de outros, para se proteger. Uma alternativa europeia à NATO? Ou manter a NATO, mesmo que os EUA saiam, reforçando o investimento de cada país? Já se noticiam fábricas de componentes para automóveis a serem requalificadas para a produção de material militar…