O Pedro Chagas Freitas usa palavras fáceis para descrever sentimentos difíceis.
Como nesta "Carta a mim mesmo."
O Pedro Chagas Freitas usa palavras fáceis1 para descrever sentimentos difíceis.
Como a impotência, a ansiedade, o desespero e o medo ao ver um filho lutar pela vida num hospital (força Benjamim!), enquanto forçamos um sorriso e lhe tentamos mostrar que “vai ficar tudo bem”.
Conheço de cor esse abismo, já lá entrei e não saí o mesmo. Ninguém sai.
Mas enquanto alguns, quase todos, mudos, engolem o medo em seco, o Pedro, como artista que é, usa-o para chegar ainda mais longe, ainda mais alto, ainda mais fundo. Usa-o para tocar no nervo. Usa-o para falar para dentro, enquanto escreve para fora.
Como nesta “Carta a mim mesmo”, mais que o “pensamento do dia”, leitura de cabeceira, dia sim, dia sim, trazendo à luz a simplicidade da vida.
CARTA A MIM MESMO:
Não te culpes pelo que já não tens. Responsabiliza-te pelo que podes ter.
Não desistas de ti.
Não percas tempo com quem não faz tudo para o ganhar.
Não te concentres no que perdeste. Vais ver que se calhar não perdeste nada.
Não aceites menos do que aquilo que mereces.
Não percas oportunidades novas só porque insistes nas antigas.
Esquece quem te magoa.
Deixa ir quem te deixou. És tudo o que precisas.
Não chores por quem só te faz chorar.
Não ames o que podias ser. Ama o que és.
Lembra-te de quem nunca se esquece de ti. Esquece quem nunca se lembra de ti.
Sê uma boa pessoa. Mas não acredites que todos o são também.
Não pedinches amor. Exige honestidade.
Não esperes por quem teve pressa de sair.
Não esperes por quem não sabe se te quer.
Não permaneças ao lado de quem constantemente te fere.
Não fiques pequeno só para teres um espaço na vida de alguém.
Não dês mais uma oportunidade a quem nem uma mostrou merecer.
Não aceites pouco.
Proíbe-te de te sabotares.
Se já não traz felicidade, já não faz sentido.
Se já não vês razão para ficar, encontraste razão para ir.
Não dês atenção aos que não toleram em ti os defeitos que eles próprios têm.
Faz-te ouvir. Não te deixes asfixiar pelo que fica por dizer.
Não construas fortuna. Constrói recordações.
Por mais infeliz que tenhas sido, ainda estás a tempo de seres feliz para sempre.
Não invistas em prolongar os dias. Investe em aproveitá-los.
Imediatamente.
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Pedro Chagas Freitas
A raridade das coisas banais
Leia-se “descomplicadas”.